sábado, 17 de agosto de 2013

História Universal da Civilização

A árvore é alta, mas não tanto quanto outras de sua espécie, ainda que não tão baixa quanto as menores. Seus galhos se ramificam como se fossem nervuras percorrendo a superfície de uma folha. Suas raízes penetram a terra, agarrando-a como galhos de uma árvore abraçam o ar. A casca da árvore é marrom, dura, e enrugada, como a pele de um ancião que se parece com uma árvore. Suas folhas são como as mãos de uma velhinha, cheias de nervuras que lembram raízes se agarrando à terra.

Às vezes, flores e frutos aparecem aqui ou ali na árvore, mas só os olhos mais treinados de alguns pássaros e insetos e meninos percebem. Às vezes fica frio, e a árvore se desnuda para se proteger. Só quando vem o calor ela se veste novamente. Mas tudo passa muito rápido, ela mal tem tempo de se decidir em suas trocas de roupa, e acaba repetindo o mesmo vestido, com um ou outro remendo ou enfeite novo.

Às vezes pássaros, insetos ou casais de namorados insensatos cutucam, espetam, até machucam um pouco a árvore. Mas ela nem tem tempo de falar nada, eles já foram embora. A casca da árvore é marrom, dura e enrugada, como a pele de um ancião, tão feita de cicatrizes que parece que não tem nenhuma. Suas folhas são como as mãos de uma velhinha, cheias de nervuras que sabem o que fazer pra se coçar, mas que se pegam normalmente com preguiça.

A árvore é alta, vive em uma vizinhança bem inconstante, e gosta do sabor de terra marrom escura, com só um pouquinho de areia mais clara, e algum toque de pedregulho. Ela prefere água recém caída de chuva, mas se conforma com o que estiver disponível, em caso de necessidade.

Enquanto isso, ao seu redor, dez mil anos se passam.

Um comentário:

Unknown disse...

Lindamente cultivando baobás.