domingo, 8 de agosto de 2021

3. Aidaque e as Ilhas do Sono

 3.

Por sobre o domo erguia-se, dessa forma, pouco a pouco, uma rede de faróis que irradiava da Cidade de Vidro, nas praias do fim do mundo. Com o passar do tempo, as filhas do Jaguar, que se tornaram depois as Pequenas Deusas da Morte, desenvolveram sua navegação e sua arquitetura, de forma que hoje, ao olharmos para cima no céu noturno, ele está todo salpicado de seus faróis. Naqueles tempos, porém, do início do mundo, as estrelas iam se acendendo pouco a pouco.

Uancámina tinha o que precisava: com a desculpa de testar o brilho e o alcance dos novos faróis que suas irmãs erguiam, levava sua frota de barcos de vidro a pontos cada vez mais distantes da Cidade de sua mãe, o Jaguar. Conforme se aproximava da Ilha brilhante, porém, se tornava mais poderosa a luz que irradiava dela, e as estrelas só ficavam visíveis durante o que chamaram de noite, que era quando as ondas do Mar de Nada escondiam o brilho da Ilha atrás de si. Uancámina teve que inventar assim de se orientar pelo brilho e movimento da Ilha durante o dia, e pelo brilho e posição dos faróis de suas irmãs apenas durante a noite.

Logo mais e mais das filhas do Jaguar estavam empolgadas pela empreitada. A fera divina viu, assim, sua Cidade de Vidro cada vez mais esvaziada; as filhas que não queriam passar o tempo todo no Mar de Nada, manobrando seus barcos de vidro, ficavam por sobre o domo, andando de um lado para o outro construindo estrelas para suas irmãs se guiarem lá de baixo. O Jaguar era uma mãe paciente, e não queria impor nova interdição a suas filhas, mas Incálima, a Senhora da Cidade de Vidro, não iria tolerar o sofrimento de sua mãe em silêncio – mesmo que ela também ansiasse por saltar num barco de vidro e navegar até o centro brilhante do Mar de Nada. Assim, às irmãs que retornavam à Cidade de Vidro para abastecer-se de mantimentos para continuar navegando pela noite ou construindo estrelas, Incálima impunha diversas tarefas e trabalhos que as prendiam à Cidade de Vidro. A umas ordenava que desmanchassem uma torre de vidro, a outras que reerguessem a mesma torre, no mesmo lugar, agora dois andares mais alta; e pouco a pouco a Cidade de Vidro voltou a se encher de atividade, e da voz das Pequenas Deusas, todas agora muito exaustas e cheias de trabalhos circulares para que pudessem se preocupar em sair por aí cintilando o céu ou costurando o mar.

Por esta época, Uancámina comandava sua expedição mais ousada até então: da última vez que estivera na Cidade de Vidro pudera conversar com algumas das suas irmãs que trabalhavam nos faróis por sobre o domo. Com a ajuda das imensas lentes de vidro que inventaram, elas eram capazes de enxergar as coisas que havia abaixo, flutuando no Mar de Nada. E uma das coisas que observaram era essa: que ilhas gêmeas giravam lentamente pelo Mar, flutuando cada vez mais para perto da Cidade de Vidro. Se fosse equipada com mantimentos suficientes, e se soubesse se orientar pelos ângulos certos em relação aos faróis que brilhavam à direita da Cidade de Vidro, Uancámina seria então capaz de alcançar essas imensas ilhas, e pela primeira vez pisar em algo que não fosse o vidro de um barco, o vazio de um domo impossível, ou a areia prateada das praias do fim do mundo.

Enquanto Incálima ordenava o desmanche e a reconstrução de torres e pavimentos, Uancámina se aproximava, embalada por uma brisa solar suave, das praias da maior das duas ilhas gêmeas. O ancoradouro que encontrou, na verdade, foi uma pequena enseada no canal de Nada que separava as duas ilhas. Era uma ilha estranha, de cor crepuscular, e tudo parecia feito de pedra. O primeiro barco que se encostou à praia de cascalhos ficou cheio de rachaduras, e Uancámina sinalizou para que as outras naves, que vinham atrás, permanecessem afastadas.

Quando pisou o chão daquela praia, era tudo mais duro. O ar da ilha era mais pesado, e Uancámina se dava conta de cada pedra em que seus pés feitos de sombra tocavam. Não se feria, mas as sensações pareciam fortes demais para seus sentidos acostumados ao Nada de que era feito o Mar, as estrelas e a Cidade de Vidro. Suas irmãs diziam: venha, irmã. Volte ao barco, e vamos voltar ao Mar, que é mais agradável que essa ilha de pedras duras e cores opacas.

Não, ela respondeu. Se vamos navegar até a Ilha Brilhante, no centro do Mar de Nada, será preciso construir outras cidades de vidro e outros portos para nos refazermos ao longo do caminho. Não podemos saber se serão agradáveis como as praias de que viemos, ou se serão duras como estas, ou ainda piores. Preciso aprender a existir entre as pedras. Fiquem no barco, sim, e afastem-no da praia para que não se rache mais nestes seixos. Mas me deixem aqui pela noite. Vejam o horizonte: a Ilha Brilhante desaparece agora por detrás das ondas do Mar de Nada. Quando ela surgir novamente pela manhã, venham me buscar.

Suas irmãs queriam protestar, mas sabiam que era inútil tentar convencer Uancámina quando já estava decidida de alguma coisa. Assim, afastaram-se à procura de um ponto da enseada onde a maré permitiria que seus barcos de vidro ficassem estacionados. Ao longe, podiam apenas ouvir um grito vindo de sua irmã. Uancámina se havia deitado sobre os rochedos, para acostumar o corpo à sensação da dureza. Depois do primeiro grito, controlara a voz, para não espantar as irmãs, mas a sensação ainda era opressiva. As pedras, como a realidade de que eram feita, faziam se sentir avassaladoramente pelos músculos, pele e tendões de Nada de Uancámina. Mesmo seus longos cabelos não eram barreira suficiente para aliviar a sensação nas costas e na nuca. Mas ela estava determinada a resistir: olhava fixamente para o céu, na esperança de ver rebrilharem os faróis de suas irmãs. Estaria alguma delas olhando agora, através de suas lentes imensas, para baixo, para as ilhas gêmeas? Seriam capazes de perceber a angústia no rosto de Uancámina? As gotas de suor que brotavam em sua testa e suas mãos?

Mas Uancámina não sentia sobre si os olhos de suas irmãs, nem vindos das estrelas nem dos barcos no meio da enseada. A verdade é que provavelmente muitas das Pequenas Deusas velavam por sua irmã naquele momento, tentando decifrar o que acontecia na praia escurecida pela noite; no entanto é difícil não se sentir sozinha quando as costas aprendem a sentir pela primeira vez o áspero de um chão de pedras, ou a pressa de um vento gelado.

Pouco a pouco, porém, Uancálima já não sentia a aspereza. Ela tentava não se mexer – talvez não fosse mesmo capaz, tão exaustos estavam seus sentidos – mas reparava a mudança na posição das estrelas sobre sua cabeça, conforme as ilhas giravam vagarosamente pelo Mar de Nada. Da forma como estavam dispostas, sabia que agora a Cidade de Vidro estava posicionada na direção para que seus pés apontavam, e essa sabedoria lhe trazia algum consolo. Sim. Não se deu conta de quando isso aconteceu, mas percebeu, quando a luz da Ilha Brilhante no meio do Mar de Nada atravessou suas pálpebras na manhã seguinte, que havia mesmo adormecido.

Apoiou o braço no chão para se levantar, e constatou que a sensação das pedras continuava terrível. Não é que suas costas se tivessem acostumado à sensação de dureza durante noite, mas uma cama de um musgo escuro e macio havia crescido por sob seu corpo sem que percebesse. Frustrada, Uancámina se pôs de pé, pisando ainda sobre o musgo – muito mais tolerável que os pedregulhos. Quando olhou em volta para se orientar, e para procurar o brilho dos barcos de vidro na enseada, percebeu a presença de ainda outra cama de musgo na praia, e sobre ela uma pessoa adormecida. Aproximou-se, se esforçando para não se deixar abater pelo duro das pedras nos pés, e pelo vento que ficava mais forte descendo das colinas pedregosas além da praia. Percebeu, com espanto, que não se tratava de uma de suas irmãs – era a primeira vez que encontrava em suas viagens não a vaga forma de uma criatura misteriosa no meio das ondas, mas um ser de constituição tão próxima da sua. Era impensável para ela, até agora, que houvesse no meio do Mar de Nada criaturas tão parecidas com suas irmãs, que não fossem elas mesmas também filhas do Jaguar.

Desperte, ela pediu.

A criatura abriu os olhos. Mas Uancálima não sabia se ela a havia compreendido.

Você insiste tanto assim que eu não durma?, a criatura respondeu, coçando sua barba, tirando seu cabelo desgrenhado do rosto. Na noite de ontem, seu grito terrível me despertou de um sono agradável, que já durava tantos dias! E depois ainda não parava de tremer, e respirar com o barulho de uma ventania. Se eu não tivesse te dado uma cama, estaria até agora fazendo uma algazarra no meio das pedras! Se eu te ajudei a dormir seu sono, por que você não me deixa dormir o meu?

Como você aprendeu a falar? Você já conheceu minha mãe, o Jaguar? Ele me ensinou a falar, mas não sabia que havia ensinado mais ninguém – mesmo que suas palavras soem um pouco estranhas.

Eu não sei nada sobre nenhum Jaguar! Ou talvez... talvez eu me lembre... Mas não é uma lembrança minha, e sim de alguma coisa que eu era antes, ou de que eu era só um pedaço. Só sei que despertei sabendo falar essa língua, e que uso ela quando meu irmão vem me incomodar em meu sono. E agora tenho que usá-la com outros visitantes também, pelo visto! Como se meu irmão já não me bastasse. Você também veio me pedir para navegar o mar escuro contigo? Se Qüenita, que é meu irmão, não me tirou meu amor pelo sono e pelos sonhos, não é você quem vai tirar.

Mas Aidaque, o deus sonolento, estava errado; pois desde que viu pela primeira vez Uancámina deitada por sobre os seixos, ou antes, desde que ouviu seu grito cortando a noite, estava condenado a não dormir nunca mais pacificamente como antes. Era o tempo em que os deuses iam despertando em suas ilhas; alguns por influência das Pequenas Deusas da Morte e de suas estrelas, alguns por causa do brilho da Ilha no centro do Mar de Nada, alguns só não conseguiam achar mais uma posição confortável para se deitar – uma maldição que transmitiram depois a muitos mortais.

Não, respondeu Uancámina. Não estou aqui para te despertar, nem para te levar. Preciso apenas de um porto para meus navios descansarem durante a travessia do Mar de Nada, que você chama de mar escuro. Mas suas praias são muito duras, todo o seu mundo é duro e real, até o ar. Não sei se vou sequer conseguir construir meu porto aqui, mas se eu conseguir será na ilha pequena, então, para não incomodar seu sono.

Não!, redarguiu Aidaque. Você não precisa de um porto nem de navios! E minha ilha posso fazê-la mais agradável para você, se quiser.

Com um gesto lento de seu braço, Aidaque fez brotar um tapete do musgo escuro por sobre as pedras, para proteger os pés de Uancálima de pisar em tanta dureza. Ela sorriu em agradecimento.

Você é gentil, estranho da ilha. Mas na Cidade de minha mãe, o Jaguar, é tudo feito do cristal mais delicado e irreal, e a areia que cobre o chão dos caminhos é insólita como os pensamentos. Todas as construções são feitas cuidadosamente, para abrigar a população imensa de filhas que minha mãe, o Jaguar, gerou. Se fosse conforto e companhia aquilo que busco, eu não teria precisado lançar meus barcos de vidro ao Mar imenso de Nada que nos cerca.

Uancámina virou as costas para Aidaque, então, e se voltou para o Mar, de onde chegava à praia um barco como ela nunca tinha visto. Era uma canoa, menor que os barcos de vidro que ela e suas irmãs faziam, mas escura, quase tanto quanto o mar, feita de madeira. Duas das Pequenas Deusas que acompanhavam Uancámina em sua viagem, Órina e Audólima, vinham sentadas sobre ela, visivelmente desconfortáveis. Na popa, manejando um grande remo, vinha o outro deus das ilhas gêmeas, Qüenita.

Ele era mais magro que seu irmão, mais franzino, mas ao mesmo tempo mais energético. Ao invés de Aidaque, Qüenita se apressara ao despertar dos deuses, tendo se enamorado do brilho da Ilha do centro do Mar de Nada desde que ele surgira pela primeira vez no horizonte. Como o irmão, aprendera a cultivar sua ilha; mas ao invés de criar tapetes e camas confortáveis para si mesmo, inventou árvores de que pudesse construir uma canoa, para atravessar o mar. Em suas tentativas infrutíferas de enfrentar a corrente com sua pequena embarcação, mais de uma vez encalhara na ilha de seu irmão gêmeo, cuja companhia sempre solicitava em vão. Aidaque ainda sentia o sono dos deuses, e não ia desperdiçá-lo em um projeto que parecia inútil, por bonito que fosse o brilho distante da Ilha solar.

Naquela manhã, porém, preparando-se para seus exercícios diários de navegação ao redor das ilhas, Qüenita percebera incrédulo o faiscar dos barcos de vidro no canal entre a sua ilha e a do irmão. Aproximara-se cauteloso daquelas formas elegantes, tão maiores que sua pequena canoa, mas também tão mais frágeis – como percebera pelas rachaduras em um dos barcos.

As Pequenas Deusas da Morte, que naquele momento perguntavam-se como fariam para ir buscar sua irmã Uancámina sem causar mais estragos em seu navio, ficaram igualmente espantadas ao ver o deus aproximando-se por sobre o mar. Deixaram-no subir a bordo de suas embarcações, porém, passado o espanto. Ele ansiava por saber de sua viagem, e queria saber quão longe tinham conseguido viajar pelo Mar, e como funcionavam suas velas, e como faziam para se orientar em seus caminhos. Audólima, porém, preocupada que estava com sua irmã sozinha na praia, concordou em lhe contar tudo o que pedisse, desde que antes ele as levasse para encontrar Uancámina.

Assim ele as transportou até a praia. Ao chegar lá, como prometido, as Pequenas Deusas contaram a ele e seu irmão sobre suas viagens, sobre o Mar, e sobre os faróis que haviam construído por sobre o Domo, as estrelas, que as guiavam de volta para a Cidade de Vidro. Qüenita suplicou que elas as levassem com ele, para que pudesse ele também conhecer o Mar aberto e a Cidade de Vidro. Aidaque suplicou a Uancámina que ficasse, pois ele prepararia para ela uma cidade como a de sua mãe, o Jaguar, onde ela poderia ter seu porto e descansar de suas viagens. Mas Uancámina só soube dizer, novamente, que ele era um estranho gentil.

Um estranho não! Aidaque é meu nome. Você dormiu na minha ilha, na cama que fiz brotar para você, então já não somos estranhos.

E é por isso que as Pequenas Deusas da Morte chamam as ilhas gêmeas de Airunê Ualuta, as Ilhas do Sono.

Aidaque permaneceu em sua ilha, mas Qüenita, ao transportar de volta as irmãs para seus barcos de vidro, conseguiu convencer Uancámina a levá-lo com elas para a Cidade de Vidro, onde ela esperava juntar mais de suas irmãs e material suficiente para construir seu porto nas Ilhas do Sono. A seu irmão Aidaque, Qüenita prometeu que estaria de volta quando a terceira estrela mais brilhante – ainda haviam poucas nessa época, era fácil fazer esse tipo de contagem – estivesse aparecendo no meio da noite por sobre o cume em que Aidaque tinha sua caverna favorita. Aidaque disse que não se apressasse, que ia ser bom poder ficar sozinho para dormir seus sonos divinos.

Ele permaneceu em sua ilha, a maior das Ilhas do Sono, mas seu sono já não vinha como antes. Por mais que fizesse brotar musgos delicados e frescos, e erguesse cavernas para se esconder do brilho solar da Ilha no meio do Mar de Nada, não conseguia mais que dormir algumas horas durante a noite, quando já estava escuro. Sentia saudades de seu irmão, e gostaria tanto que ele atracasse afobado sua canoa nos cascalhos, como fizera tantas vezes antes. E sentia saudades de Uancámina, e ansiava novamente por sua companhia, tão breve, mas tão delicada.

Precisava erguer para ela uma cidade, para que ela pudesse ficar mais tempo com ele quando voltasse. Mas Aidaque só sabia construir leitos e cavernas. Não sabia nada sobre o que fazia uma cidade, além de ser cheia de pessoas e prédios, conforme relatara Uancámina. Farei primeiro as pessoas, resolveu Aidaque, e elas depois hão de me ajudar a construir os prédios da forma certa.

Assim, o deus esculpiu das pedras de sua Ilha os primeiros mortais – ainda que a morte não houvesse ainda sido inventada. Ele não era um escultor muito habilidoso nem muito criativo, mas evocava em sua mente a imagem de Uancámina, Qüenita, e mesmo de Audólima e Órina, para inventar as formas de suas criaturas. Assim que uma ficava com os olhos fundos de seu irmão, mas as orelhas de Órina; ou com a estatura de Uancámina, mas o porte largo e forte de Audólima. Uma a uma esculpia, modelava e polia a pedra, e quando teve um número que considerou suficiente de criaturas à sua disposição, esperou o raiar da Ilha Brilhante para despertá-las, para que elas também sentissem vontade de acordar com seu brilho solar pela manhã.

Antes que pudesse fazê-las construir a cidade que queria para Uancámina, percebeu que teria que alimentá-las, e protegê-las do frio, e ensiná-las a falar. A elas não bastava o musgo, e ele teve que inventar plantas maiores, como as da ilha de seu irmão, e animais pequenos e grandes para polinizá-las, ou para servir de alimento a seus novos companheiros. Não foram muitas as coisas que Aidaque inventou para habitar sua Ilha, pois ela não era grande como outras que havia espalhadas pelo imenso Mar de Nada. Mas foi o suficiente para que as criaturas que havia esculpido pudessem comer e se alimentar, e breve construir uma cidade para Uancámina.

Agora, porém, o prazer de Aidaque não residia mais na cidade que viria, e na companhia futura de Uancámina. Ele se alegrava em compartilhar sua existência com os mortais, ensinar e aprender palavras novas com eles, e mal percebeu quando o prazo para o retorno de Uancámina e Qüenita se aproximou, chegou e passou. A terceira estrela mais brilhante já piscava por sobre as suaves colinas da ilha de seu irmão quando ele finalmente começou a se preocupar.

Mas Qüenita era agora prisioneiro de Incálima na Cidade de Vidro, e Uancámina e suas irmãs estavam impedidas de lançar seus navios de vidro ao Mar de Nada novamente.