(haikais cometidos sucessivamente entre novembro e dezembro de 2024, sem muita edição, em preparação para um projeto que há de sair no ano que vem, com a graça de Deus)
24 de novembro:
no norte as bombas
chovem como siriluias;
no sul, um verão
25 de novembro:
a brisa estremece
os pezinhos de hortelã
mesmo que eu não olhe
26 de novembro:
como a chuva encontra
o chão no fim do dia quente:
encontrar o poema
29 de novembro:
de volta a guará;
uma lagartixa morre
no chão da cozinha
1º de dezembro:
uma flecha preta
atravessa a rodoviária:
cachorro de rua
3 de dezembro:
manhã de dezembro,
uma chuvinha cai, fria,
meu joelho dói
4 de dezembro:
mal desço pra rua
o casaco já viaja
da cintura às costas
meu corpo se fecha
ao frio, até que o invade
a dama da noite
10 de dezembro:
a fumaça sobe
do café do condutor
rumo ao céu nublado
13 de dezembro:
a lua amarela
espia, por entre as nuvens,
o engarrafamento
14 de dezembro:
na tarde cinzenta
meu suor se mistura a chuva
descendo a ladeira
17 de dezembro:
do meu travesseiro
a mariposa reclama
que a noite não passa
18 de dezembro:
com a voz vestida
de noite, Lia derrama
o mar em meu rosto
22 de dezembro:
as patas rosadas
do cachorrinho de praia
procuram tesouros
porto de galinhas -
as cores do fim do dia
inventam tons novos
cachorros vadios
brigam de brincadeira:
um coco é o prêmio
24 de dezembro:
mãos verdes acenam
numa noite de Natal;
palmeiras ao vento
26 de dezembro:
carcará em voo
ao alto de seu coqueiro.
são dois carcarás!
a penugem chove
e pousa na água quente.
pena de que ave?