sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Gestação de um mundo

sou prenhe de um mundo novo: imenso, novo, imenso mundo; mas é mundo em feto, precisando gestação; fica preso no meu peito, imenso, novo, imenso mundo; um peso de mundo que só um mundo imenso pode pesar; e, enquanto gesto em mim esse imenso, novo, imenso mundo, eu sinto que é um gestar do qual participa todo o mundo; o mundo gesta em mim um mundo novo, imenso mundo; e eu sei que sou esse mundo, imenso, novo, imenso mundo; e mesmo escavando em mim, perfurando em mim, escavando fundo; encontro esse mundo enfim, imenso, novo, imenso mundo; um mundo feito de mim, mas não por isso imenso ou mundo; um mundo que é mundo sim porque bebe o mundo de todo o mundo; e torna o mundo em mim o mundo que é de todo mundo; e todo mundo é em mim um mundo imenso, novo mundo; e mesmo eu estando assim, peregrinando e moribundo, encontro dentro de mim o mundo novo, imenso mundo: um mundo de que estou prenhe: imenso, novo, imenso mundo; que mora dentro de mim, da superfície até o fundo; misturando com quem sou umbilicalmente me fundo no mundo que mora em mim, no mundo em que eu moro: o mundo.

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