domingo, 4 de outubro de 2020

Sem título

Desaprendo o dia inteiro, e também aprendo o inútil a todo momento. Isso não é muito minha escolha, um peixe mesmo morto às vezes sobe a correnteza, e isso é consequência de seu corpo. Contudo não quero falar sobre a natureza e nem extrapolar demais com hipóteses de quem tenta enxergar o todo do tempo, que é supremo. Também não quero apenas existir me forçando a alcançar o silêncio, separando dele o barulho. Quero arrumar a gaveta, beber um suco doce, sentir a madeira de que foram feitos os móveis e também ver o clima mudando - quero ver a chuva vindo e indo. Viver é difícil quando a gente tenta entender mas é preciso para continuar vivendo. A gente separa as coisas pra ficar mais fácil, essa é a nossa brincadeira e a gente se diverte. Mas é que na verdade é tudo junto, na verdade é a gente que não tem tamanho suficiente para enfrentar a beleza de todo o resto, e disfarça. Pode ser que seja fácil de se engrandecer do ruim, mas eu acho mesmo é que a gente que vem sendo ensinado por aí a apontar só o que é mau. Namoro as coisas boas, manejo as ruins e sou feliz com quem me tornei.


 

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