quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Cidade Mágica

(para o Akira Yamasaki)

Se eu te dissesse que o trem pra São Miguel saiu voando e chegou antes do horário
E que o metrô da linha verde se pintou de cor de rosa no trocar do itinerário
Se eu te contasse que os faróis das avenidas se acenderam de azul a um só momento
E que em função da confusão os motoristas esqueceram os carros no engarrafamento

Era capaz d'ocê dizer que eu 'tô maluco ou qu'eu 'tô precisando ir no oculista
Porque pra ver tanta besteira concentrada tem que 'tar ruim da cuca ou ruim da vista, aiai...

Se eu te dissesse que o Pinheiros 'tava cum cheirinho fresco de roupa recém-lavada
E que o caminhão de lixo era muvido a algudão doce e não tinha cheiro de nada
E que maestros ocuparam praças, pontes, passarelas, cada canto e cavidade
E quando deram sete horas transformaram em melodia os ruídos da cidade

Era capaz d'ocê mandar eu usar o tal de cotonete e mais de uma vez por dia
E, se a limpeza não me desse resultado, pra eu já deixar marcado uma terapia, aiai...

Se eu te contasse que chuveu no Itaim, mas que foi chuva de bombom e borboleta,
E que o sol naquele dia era nascido de cesárea e concebido na proveta
E que o sorvete que eu tomava tava estranho porque a calda era roubada de um cometa

Era capaz d'ocê dizer que de falar tanta besteira eu só pioro a minha fama
Mas que apesar de eu ser um louco numa cidade maluca, a verdade é que você me ama, aiai...



domingo, 1 de novembro de 2015

O Espelho

Depois de horas de contemplação sem fim
conclui Narciso:
Deus inventou o espelho pensando em mim