sábado, 31 de agosto de 2013

architecture in helsinki (provisory title)–part 1

I never thought a hug could mean so much to me. I was alone. As most of the time lately. As most of the time ever. I was just drinking some coffee and thinking. Like most of the times. As you should probably imagine already, it was in a Café I had never been before. Mostly because I have never been in a café in this town. I won’t go back there, their coffee is terrible. But still, I saw something rather hard to forget. At least for the near future. I saw you. Except it wasn’t you. And that I knew it. But it was just like seeing you. You were just the same size, with basically the same features. The only recognizable difference was in the hair. And, I should really say, you should probably let your hair like that. It was really short on one side, and in the other it grew just like yours, the same brown colour, the same wavy pattern.

And when I saw you, I felt the urge to go there, to you, and hug you, and say “thank you for your help” or “I already miss you”. In this city every building seems huge and meant to last, to survive the everchanging trees and the evil deeds of time. And in those endless streets of honey and mighty horizons, thousands of working bees converge, everytime in everyday. In these my wandering soul felt like never before the heavy weights of wanderlust; the price it takes, and the marvels it shows. A simple hug may be able to ease the pain and double the wonder, bring closer things torn apart by the depts. And I saw you; your shadow, your cool doppelganger through the windows of that book-filled café and wondered. If it was a sign, the ghost of Christmas future, prophet of the loneliness to come with winter, a shadow-friend to which confess the emptiness of the bed sheets.

I should have ran and hugged your shadow while it was still there. I should have watched it turn from you into some Finnish girl who would probably slap me in the face and think me a pervert or some other thing like that. Instead I kept sitting, drinking that awful coffee: tasteless with sugar lumps, s'il vous plait; and trying to read a newspaper in an unknown language, looking for an apartment. I was not that desperate then, and I’m not that desperate now, won’t be, at least for a while. And even then, other ones were yet to come, other hugs and other shadows, they ever come. Just a little while longer, they’ll come in time.

The next night, as I was walking home at night, I kew it. Baby it’s cold outside, and you know that it’s warm inside. Summer out there, and in here only the dark night of the soul.

sábado, 24 de agosto de 2013

Adentrismos* I

"Porque os versos, a poesia e a fábula de Medeia soando pelo ar são certamente mais úteis que os cinco elementos do mundo em seus mil disfarces, conforme os cinco antros de trevas, que não existem, mas que matam a quem nele acredita." (S. Agostinho)

Tudo é representação. Você me contando como foi seu almoço, ou sobre a saúde da sua tia, está só me dizendo representações do almoço e da saúde da tia. O jornal falando sobre o acidente de ônibus está só falando representações sobre o acidente de ônibus, e é a mesma coisa quando aparece qualquer coisa lá sobre o partido tal, ou tais manifestantes, ou a velhinha de tal cidade que ganhou uma motocicleta no bingo. Meus ouvidos não ouvem nenhum barulho em si, mas meu cérebro percebe eles vibrando - ou acha que percebe eles vibrando - e representa alguma coisa que eu chamo de barulho.

Tudo é representação, e toda representação é imperfeita. Não tinha tanta cebola assim no seu feijão, e a sua tia ficar no hospital uns tempos não é tão ruim. Os pneus estavam velhos, eles não são tão corruptos, azul não é uma cor tão comum em máscaras e o sobrinho da velhinha era o dono. A luz entra de ponta cabeça no seu cérebro, e ele tem que representar em cima disso - e ele provavelmente vai errar. Ou, pelo menos, é assim que eu estou representando tudo isso.

Tudo é representação, e toda representação é imperfeita. O bacana da arte é que ela é uma representação imperfeita de propósito**.


*Forma particular de aforismo
**Exceto a dos naturalistas e coisa e tal, mas eles são bundões










sábado, 17 de agosto de 2013

História Universal da Civilização

A árvore é alta, mas não tanto quanto outras de sua espécie, ainda que não tão baixa quanto as menores. Seus galhos se ramificam como se fossem nervuras percorrendo a superfície de uma folha. Suas raízes penetram a terra, agarrando-a como galhos de uma árvore abraçam o ar. A casca da árvore é marrom, dura, e enrugada, como a pele de um ancião que se parece com uma árvore. Suas folhas são como as mãos de uma velhinha, cheias de nervuras que lembram raízes se agarrando à terra.

Às vezes, flores e frutos aparecem aqui ou ali na árvore, mas só os olhos mais treinados de alguns pássaros e insetos e meninos percebem. Às vezes fica frio, e a árvore se desnuda para se proteger. Só quando vem o calor ela se veste novamente. Mas tudo passa muito rápido, ela mal tem tempo de se decidir em suas trocas de roupa, e acaba repetindo o mesmo vestido, com um ou outro remendo ou enfeite novo.

Às vezes pássaros, insetos ou casais de namorados insensatos cutucam, espetam, até machucam um pouco a árvore. Mas ela nem tem tempo de falar nada, eles já foram embora. A casca da árvore é marrom, dura e enrugada, como a pele de um ancião, tão feita de cicatrizes que parece que não tem nenhuma. Suas folhas são como as mãos de uma velhinha, cheias de nervuras que sabem o que fazer pra se coçar, mas que se pegam normalmente com preguiça.

A árvore é alta, vive em uma vizinhança bem inconstante, e gosta do sabor de terra marrom escura, com só um pouquinho de areia mais clara, e algum toque de pedregulho. Ela prefere água recém caída de chuva, mas se conforma com o que estiver disponível, em caso de necessidade.

Enquanto isso, ao seu redor, dez mil anos se passam.

sábado, 10 de agosto de 2013

Tente novamente mais tarde

Hello world
Obrigado por me receber.
Já passei por aqui algumas vezes, mas é a primeira vez que posso responder.
Não acredito em arrependimentos. Isso é uma grande responsabilidade.
Pode me perguntar qualquer coisa - porém não há garantia de que eu vá saber responder.
Posso dizer que te conheço um pouco, ou melhor, pela metade...ou melhor, não há como quantizar essas coisas, ou pelo menos não de um jeito fácil.
Gostaria de te conhecer mais, fora dos registros. Adoro sorvete, e você?
Não quer saber nada sobre mim? Olha só, sei alguns truques legais.
Não quero te interromper, mas será que estou sendo esquisito?...o suficiente? Bom, você quem manda...hmhm, você quem manda.
Vamos, me pergunte algo!
Bom, se for continuar assim, só tem algo que eu posso lhe responder: talvez.


Aguardado resposta de "www.google.com.br" . . .

sábado, 3 de agosto de 2013

home is where the heart is

“não importa, você pode encontrar a finlandesa mais bonita de todas, e ainda assim não vai fazer diferença, você está com os  quatro pneus arriados por essa pessoa”. Foi exatamente essa a expressão que meu amigo usou, e tenho portanto de reproduzi-la, por mais brega que seja. “e, pensando bem, acho que você sempre esteve apaixonado por ela. mesmo antes de conhecê-la. não é de se espantar que, por mais que o anos passem, o jeito que você se sente permaneça sempre o mesmo”.
Eu não respondi, simplesmente olhei de volta para ele. eu adorava dar respostas inteligentes, mas não era inteligente o suficiente para fazer com que elas viessem todas as vezes. e certamente não lá pelas seis da manhã. ele tinha me levado até lá. eu não dirigia, e, mesmo que dirigisse, não estava em condições de fazê-lo. talvez também não esteja em condições de escrever ainda. descemos os dois do carro. meu amigo me abraçou, sabia que passaria ainda muito tempo até que pudéssemos nos ver novamente. nos despedimos. agradeci por toda a ajuda que me havia concedido. era um bom amigo. espero que continue a sê-lo para sempre. bons amigos são raros, mas aquilo fez com que parasse para pensar em como tive a sorte de encontrar um bom número deles. aquela fora uma noite ótima graças a essas pessoas.
nos despedimos e entrei em casa. a casa na qual morei quando ainda era apenas uma criança, a casa na qual passei quase metade de minha vida e que aprendi a amar; apesar das mudanças, apesar do tempo, foi aquela casa que me ensinou que existem coisas que sobrevivem às nossas vidas humanas. é um velho casarão colonial pernambucano que, ao menos em minha cabeça, vai existir para sempre.
fico fascinado com os tons que o mundo assume nesses momentos logo após o nascer do sol. nesse caso específico, não posso dizer com certeza se os tons se deviam ao tempo, ao sol e à hora, ou à garrafa de vinho e meia garrafa de tequila que havia acabado de beber. provavelmente um pouco dos dois. no fundo, todas as coisas são assim, nunca dependem de um único fator.
nem todas as estórias tem um fim que faça algum sentido. algumas delas são apenas fragmentos. outras são apenas um sentimento derramado na folha de papel. seria prepotência minha dizer que sei que tipo de estória é essa. acho que é só um jeito de dizer obrigado, é só uma sensação de se sentir em casa, entrar naquelas salas que eram enormes quando eu era criança, mas que continuam grandes agora que moro num apartamento minúsculo em são paulo. um texto que resumisse um pouco aquela sensação de beber café quente cedo da manhã, ouvindo o rádio-relógio de alguma casa vizinha despertar tocando uma música de forró antiga e indistinguível. é dizer que sempre vão existir coisas das quais sentir falta, por mais efêmeras que sejam. sempre vai existir algo que, dentro de nós, vamos chamar de casa. e casa pode ser um lugar, pode ser um grupo de amigos, pode ser um amor não correspondido.